A Revista Literária Travessa em Três Tempos está abrindo edital para chamada de textos para sua décima edição que terá como tema principal a dança e a musicalidade afrocatarinense.
Confira a seguir nosso documento base:
Ilha de Santa Catarina. Relatos de viajantes estrangeiros nos séculos XVIII e XIX. Florianópolis, Editora Lunardelli, 1996.
Desenho do viajante Louis Choris, retratando as danças e as músicas em Santa Catarina no século XIX. Fonte: HARO, Martim Afonso Palma de.
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Sobre o relado de Louis Choris:
“O relato de Louis Choris, pintor e desenhista russo, em viagem a Santa Catarina, no ano de 1815 descreve os divertimentos dos cativos e libertos, situações interessantes para se perceber a musicalidade das populações de origem africana neste local. Essas informações nos dão margem a pensar não só as influências das práticas culturais de africanos e afrodescendentes nas manifestações da musica urbana brasileira do século XX, como as possibilidades de existência de uma musicalidade particularmente afrocatarinense. [...] Ainda que os elementos culturais das populações de matriz africana sejam brevemente citados no que poderíamos classificar como os primeiros registros historiográficos catarinenses, consegue-se compreender que os divertimentos, a dança e a música de cativos e libertos também faziam parte do dia a dia dos (então) desterrenses.”
Sobre a musicalidade afrocatarinense:
1. “Um negro e uma negra dançam sozinhos, muitas vezes ao som de um instrumento chamado “Carimba”, pelos portugueses (...). O homem que toca este instrumento serve-se de acompa-nhamento um canto que faz freqüentemente correr lágrimas dos olhos dos negros, de maneira que se vêem os negros dançando e chorando ao mesmo tempo”. (HARO, 1996: 243)
2. “O rei ou o mestre do grupo dançante se destacava de todos os outros companheiros do baile pela estatura, as dimensões do corpo e os gestos. Como herói ele conduzia seu povo, que se reunia em círculo em torno dele. (...)Em lugar de músicos, havia um círculo de negros sen-tados ao chão em um canto e batiam com as mãos sobre uma pele de boi esticada sobre um toco de árvore – Este era o tambor. (...) Negros e negras, como foi dito, circundavam seu chefe e, conforme as habilidades dançavam no centro do círculo, fazendo os movimentos mais estranhos e peculiares; outros cantavam, ou melhor, emitiam alguns gritos africanos que eram incompreensíveis. Eles gingavam de uma maneira incomparável os quadris, girando-os horizontalmente em forma de círculo, enquanto que a parte superior do corpo permanecia quase que imóvel, equilibrando-se nas pernas que se movimentavam velozmente. O objetivo principal de tais danças consiste na representação de atos comuns da vida, por exemplo, da pesca, caça, guerra, etc”.(HARO, 1996: 169)
3. “negro cativo não podia nem ao menos ser músico... por incrível que pareça, um jornal de 1866 reclamava contra a fundação de uma sociedade musical de homens de cor, à qual per-tenciam alguns escravos. Nem era admissível, dizia a folha... escravo não tinha direitos (tex-tual) – o que era sabido – e não poderia sair à rua depois do toque de recolher” (CABRAL, 1979: 388)
Desenho do viajante Louis Choris e citações retiradas da dissertação de mestrado de Lisandra Barbosa Macedo:
MACEDO, L.B. Ginga, Catarina: Manifestações do Samba em Florianópolis na década de 1930. Florianópolis, 2011. Dissertação de Mestrado. (História do Tempo Presente) Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC. Disponível em: http://www.tede.udesc.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=2636
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